terça-feira, 21 de junho de 2011

A ESTATUETA DO MONTE SINAI - por Cronicando

            Serei breve ao relatar o que agora vos conto pelo simples fato de estar no meio do meu horário de trabalho. Infelizmente a literatura que amo não é meu ganha-pão e nem meu talento. Mas não seria justo se não contasse agora mesmo o que ocorreu na copa, no horário do café da tarde.

            Encontrávamos em meio a um elevado assunto em que tratávamos das coisas espirituais. Falávamos de filosofia de vida e discorríamos sobre a bíblia. Fizemos um leve caminhar ao lado de Moisés pelo deserto por entre o inflamado povo recém liberto da escravidão egípcia.

            Quando estávamos divagando sobre o momento em que o povo aguardava aos pés do Monte Sinai, eis que uma queridíssima amiga diz:

            - Foi quando ele foi buscar a estatueta?

            - ?

            Como assim, amigo leitor? Estatueta? Nem existia cinema naquela época para ter premiação. E a terra árida estava longe de ser um tapete vermelho. Resultado: Risos. Os mais diversos.

            - And the Oscar goes to... – Sita um.

            - Moisésssss. – Completa outro.

            - Pela direção “Na Travessia do Deserto”. – Risos

            - Ou seria por: “Em busca da terra prometida”?

            Os antigos diziam: “muito riso, pouco siso”. Entendo que o pouco siso se referia a pouca experiência de vida o que reflete em pouco juízo. Em se tratando da feição da minha amiga, que nem ouso citar aqui o nome, o pouco siso significa que ela quebraria os dentes de todos e não demoraria muito.

            Bom... Por isto, também, não vou demorar mais neste papel. Espero a compreensão de vocês.

            Só um detalhe. Ela queria dizer tabuleta. Nada mais, nada menos que a tábua dos dez mandamentos.

            Estatueta? Como assim?

quinta-feira, 16 de junho de 2011

CAFÉ COM LETRAS - por Cronicando

Passam os dias, passam os anos. Os séculos se amontoam na história da humanidade. Temos a cada passo o advento de novas tecnologias, novas crenças. Inventamos novas culturas e recriamos o cenário onde se desenrola todas as façanhas da raça humana na terra. Século XXI e ainda vemos de tudo um pouco, da mais surreal novidade até o mais pitoresco a ponto de nem sabermos que um dia foi uma realidade comum.

Gosto de lembrar que o café faz parte da cultura mineira de uma forma muito intensa. À volta de um bom cafezinho já se tomaram boas decisões, foram criadas boas histórias, verbalizados “causos”, bons risos, assuntos tristes e muitas coisas que demoraríamos linhas e linhas para listar todas.

Mais uma vez um fim de semana na casa da tia-avó de minha esposa. Casa rústica de fazenda com cozinha sem forro e fogão a lenha. Alguns da família ao redor da mesa em boa conversa diante da nova garrafa de café. A última quebrou durante a semana e foi preciso arrumar uma logo, pois um bom mineiro sem um cafezinho não providencia uma boa prosa.

A dona Marlene ficou incumbida de lavar com a água fervida antes de passar o primeiro café. Quando o café foi servido ele apresentava um sabor marcante e um corpo cremoso.

Não, amigo leitor. A dona Marlene não é nenhuma barista. O sabor estava estranho e o café engomado mesmo. Enquanto todos experimentavam e cada “entendedor” dava sua opinião, dona Marlene resolveu investigar dentro da novíssima e linda garrafa térmica amarela.

- Uai! Tem um jornal aqui dentro. – Exclama com o sotaque arrastado.

O jornal que sustentava o interior para não quebrar no transporte não foi retirado.

Isto nos leva a pensar que o mineiro é na realidade além de um bom “cafezeiro” um letrado. Intelectual até. Café traz cultura. Aqui hoje, bebemos café com letras literalmente. Engolimos as informações do jornal de maior veiculação da cidade em um ambiente carregado de história. Eu diria até que o mineiro chega a ser erudito.

Estão servidos? A garrafa já foi devidamente lavada. As letras agora serão conduzidas pela verbalização dos “causos”. Garanto.

sexta-feira, 10 de junho de 2011

FLACIDEZ - por Marcelo Braga

Plubicado no Recando das Letras em 17/05/2011
Faço foto fico fúlgido
Fito fosco foco fino
Faço fato fito feto
Foice frente faço força
Firo fronte farpa fina
Feito face fico fosco
Frasco feio frágil
Fino fico frente foco

quarta-feira, 1 de junho de 2011

FILOSOFIA PSICODÉLICA DA LETRA - por Cronicando

                Hoje estava um dia ordinário. Tudo normal. Parei para pensar como sempre, claro.
                Pensar. Pesar.
                Tudo muda por causa de uma letra. A letra “n” de “não”, de “nada”. “n” é negação. Aqui apresentado no singular e entre aspas por ser um símbolo que representa uma ideia e não somente uma letra. Se pesar não tem “n”, ele é positivo?
                “n” é um “u” de cabeça para baixo.  Se “n” é negação, o “u” é o oposto? “u” de “universo” que se opõe a “nada”. “u” de “unidade”, um absoluto tão certo que se contrapõe ao “não”. Se pensar e pesar se opõem, porque sempre pesa meu pensar? Talvez porque falta a letra “u” de “união”, de “uníssono”. “Peusar”. Não existe esta palavra na língua portuguesa segundo Aurélio e Houaiss. Imagino que seria algo como pensar positivo.
                Afff... Onde vou com meus pensamentos?
                Parei...
                Parei. Pari.
                Tudo uma questão de letra. A letra “e” de “estancar”, de “estático”. “pari” é a conjugação do verbo na primeira pessoa em ação na geração de uma segunda pessoa. É a ação, movimento. “parei”, que também está na primeiríssima pessoa, se opõe a “pari”.  Estática versus movimento. Estagnação versus força criadora.
                O “e” é pequeno perto do “l”, ambos, quando cursivos, parecem pai e filho. O curioso é que para um bom pensar carece-se de parar muitas vezes. Estas duas palavras se apoiam? Talvez a palavra que a pouco cogitamos uma invenção, “peusar”, deveria ser escrito com “l”. “pelsar”, algo como pensar positivo em movimento. Seria um viver otimista.
                René Descartes disse uma vez para sempre: “Penso, logo existo”.
                Afff... Eu novamente devaneando.
                E por falar em devaneio, uma amiga minha, a escritora Mariana Collares que escreveu “Devaneios Literários”, disse para mim em uma oportunidade: “Penso, logo insisto”. Por mim fico com o: Penso, logo desisto. Ah! Mas é rapidinho que eu desisto. Vou desistir agora e tomar um café que é positivo e estimulante.
                Engraçado.  Mesmo estimulante “café” se escreve com “e” e não com “l”. Pelo menos não tem “n”.