Temos muitos momentos na vida. Na minha humilde opinião, o mais importante deles é o que nos tira da maquinal reação diária de cada instante sempre igual ao outro. Vivemos situações das quais sabemos que virão, sabemos como reagiremos e o que advirá de nossas escolhas.
Eis, portanto, a pergunta que não quer, ou melhor, não deve parar. Sabemos os porquês? Entendemos as origens? Qual a ligação entre as opções que fazemos e suas consequências? E outras tantas questões que nos faz viajar por horas, por anos, por anos-luz a procura de explicações. Quem somos? De onde viemos? O que vem depois? Como tudo foi criado?
Aqueles pequenos instantes nos remete a oportunidade de nos igualarmos às crianças. Elas não conhecem o mundo de início. Tudo é novidade. Cada situação corriqueira para um adulto é para ela uma novidade incrível. Tão incrível como se um objeto desaparecesse da sua frente e reaparecesse. Nada diferente de um arco-íris ou um botar de ovos de uma galinha.
Quando abstraímos o que aprendemos como óbvio temos oportunidade de criarmos, pelo raciocínio lógico, definições outras para qualquer coisa. Muito ainda não tem explicação, muito ainda há que se descobrir do que já foi clareado antes.
A filosofia nos proporciona descobertas fantásticas. Não se aprende filosofia. Pode-se aprender a história da filosofia, suas descobertas, a sua evolução ou aprender a pensar filosoficamente, mas a filosofia em si não se aprende. Exercita-se. Toda vez que nos dispomos a sair do casulo em que nos encontramos de um mundo já descoberto e nos colocamos a questionar e pensar, estamos exercendo filosofia.
Uma boa forma seria formulando perguntas a nós mesmos. Perguntas que nos faça buscar as respostas cada vez mais profundas à luz do raciocínio lógico. Só não nos referimos aqui a “ironia socrática” por não sabermos de antemão o que buscamos. Sócrates usava de perguntas irônicas levando o interlocutor a refletir e encontrar ele mesmos as respostas buscadas, previamente vislumbradas pelo ilustre filósofo. Podemos, portanto, nos aconchegar bem em um diálogo platônico.
O leitor pode estar se perguntando agora, onde quero chegar com tudo isto. Respondo que não sei com satisfação no rosto. Aliás, como disse Sócrates que viveu no meio de sofistas, “só sei que nada sei”. Quando as descobertas chegam, abrem-se novas portas do buscar. O convite aqui é para que não nos acomodemos no conforto do tudo pronto e explicado e nas facilidades de nossos problemas. Busquemos ir além, pois quem para de procurar respostas, jamais vai se encontrar.
Se ainda não se perguntaram, eu vos lanço o questionamento: Quem sou eu que vos escrevo? Quem és tu que lês? Sabes a resposta? Seja lá qual for, pense melhor.