Livros

Propomos aqui algumas indicações e resenhas de livros como sugestão para os visitantes. Espero que gostem.

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"Arcanjo Isabelito Salustiano e outras crônicas" - 
José Cláudio Adão
Se o ensaio: “A Vida do bebe – de 40 para frente”, já foi fabuloso (primeiro livro publicado por José Cláudio Adão), em: “Arcanjo Isabelito Salustiano e outras crônicas”, Cacá, nosso querido escritor mineiro, conseguiu se superar.
A obra aporta uma sabedoria fantástica através do Arcanjo Isabelito, o filosofo das ruas, o palpiteiro de bares e lares das ladeiras de Minas Gerais, o ego ou Alter ego do autor que aqui nos fala.
De uma forma hilariantemente bem humorada (espero não ter criado um pleonasmo com essa construção frasal), o autor não poupa sequer a si mesmo ao ironizar histórias e situações que viveu, estranhos vícios e manias que possui, amizades e trabalhos que teve, ao edificar analogias entre passado e presente, trazendo tudo aos dias de hoje: com suas diferenças e loucuras, seja no âmbito das novas profissões, relações, pessoas ou lugares, quanto na moda, tendências, supervalorização do fútil... Tudo é esmiuçado e reflexivo, mesmo as anedotas, ora sobre outros, ora sobre si próprio. O livro é o espelho de um Arcanjo bonachão, aquele que às vezes dá palpite e interfere, doa a quem doer, sinta quem tiver que sentir. Outras tantas, permanece quietinho, só observando e tirando suas conclusões para filosofar com o cotidiano e o leitor.
“A intenção é tão somente ajudar aqueles que acham que trocar de carro, de casamento, uma roupa nova, arranjar um emprego de servidor público, levar o cachorro no banco traseiro para passear, é toda felicidade existente no mundo.”
Arcanjo Isabelito Salustiano, pág. 12.
Há passagens magníficas em cada crônica, uma por uma, impossível não se identificar em algo ou associar alguém próximo. E aí está, a meu ver, a grande sacada e genialidade do artista: Tirar proveito das situações e desmembrá-las com um leve sarcasmo, conferidos por olhos de expectador que não perde nada, de forma lúcida, contemporânea, sem perder o humor jamais! Atributos inerentes ao otimismo desse filosofo espirituoso, desse autor que sabe exatamente o que quer dizer.
Quando comecei a ler o “Arcanjo Cacá Isabelito Salustiano”, peguei também papel e caneta para anotar trechos e pensamentos, tudo que pudesse gostar e considerar importante, (no intuito de, posteriormente, resenhá-lo melhor). E confesso não ter sido surpresa, quando me vi com mais de três folhas completamente preenchidas em mãos, com tantas e tantas considerações, ao final da leitura. Se tivesse marcado diretamente no livro, ele estaria todo rabiscado nesse momento. E se tivesse que digitar aqui, tudo que escrevi em meus papeis, acabaria contando o livro de cabo a rabo.
“Definitivamente não é para conquistar o macho que a fêmea bípede se produz. É para matar as outras fêmeas de inveja, provas às outras que é mais sedutora, mais bela. Não estou falando de ficar bonita apenas para se sentir bem, para manter a sociedade funcionando sem falatório desfavorável. Isso é o cotidiano, não conta.” (Como o Arcanjo descobriu isso, hein???)
O que Algumas Mulheres Pensam (Algumas!) - Arcanjo Isabelito Salustiano. Pág. 65
Dei boas risadas com as crônicas que li, (como o caso do irritante gerúndio nos atendimentos telefônicos, O sono Rom, Jargão...) Umas crônicas mais que as outras, principalmente as irônicas, que para quem já conhece o estilo do autor, não pode deixar de associá-lo e dizer: “Pow esse é o Cacá!”
Achei fantástica a confissão das bebedeiras, da gula, da timidez, da infância, das contradições e revelações que fugiram de um cidadão politicamente correto, ou, daquele tipo de escritor que discorre sobre si mesmo se vangloriando o tempo inteiro. Não! Pelo contrário! Ao contar como se deu o processo literato e seu amor pelas palavras ao longo dos últimos anos, ele o faz com muita propriedade e pés no chão, humildemente, sem deixar de mencionar os amigos, o carro com pão fresquinho que passava duas vezes pela frente de sua casa, o telefone negro, a vida de um homem comum do interior, a complexidade do português (idioma)... Na posição de um eterno aprendiz (conforme sua própria definição), brinda-nos com esse encontro de nós com nós mesmos!
Mensagens nas entrelinhas?:
“Já disseram que a preguiça é a mãe do progresso, já disseram que a ciência é o motor da evolução humana. Eu digo que a fofoca é um obstáculo ao desenvolvimento evolutivo da alma humana.”
Fofoca – Arcanjo Isabelito Salustiano. Pág. 59
Este é o primeiro livro de muitos que ainda deverá publicar de crônicas (disse ele).
Nós, seus leitores, já estamos ansiosos pelo repeteco! Arcanjo Isabelito deixou esse gostinho de quero mais, muito mais!!! É um livro que não dá pra parar de ler!

PS: Pergunta que não quer calar:
Será que em nenhum momento desses em que o autor refere se virar de ladinho para aliviar a dor de sua hérnia, ele não se aproveitou mesmo para soltar gases???
Arcanjo Isabelito Salustiano e outras crônicas: Mais, muito mais que recomendado!!!!

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Devaneios Literários - Mariana Collares

Resenha, por Carolina Bernardes.


“Num tempo em que as palavras abundam e a vontade de ler é tão pequena, num tempo de tantas ideias e tão pouca filosofia, escrevo como para deixar uma lápide pessoal para a história. Nada de especial. Talvez nada tão importante, mas um grito diminuto, silencioso, de alguém que insiste em viver pela palavra, pela filosofia, pelas ideias e pela possibilidade de tudo isso.”
Devaneios Literários



De tempos em tempos a literatura se transforma. As épocas se sucedem: eventos históricos distintos, descobertas da ciência e da tecnologia, novos vírus e novas curas, crenças e não-crenças, análises filosóficas que resgatam, refutam ou inauguram, costumes que mudam, maneiras de ver e se posicionar no mundo, fazendo do homem um ser em permanente processo. O movimento contínuo de todas as coisas impele as artes, a cultura e a literatura a também se modificarem. A expressão literária que reconhecemos hoje é a cara de nosso tempo.

Devaneios Literários de Mariana Collares se insere exatamente neste torvelinho que é a criação atual. Iniciado na juventude (a época em que muitos se descobrem escritores e alimentam o sonho de publicarem um livro), a obra foi-se formando aos poucos, enchendo pastas, até encontrar, em 2005, o veículo propício e mais atual de divulgação: o blog. Nem todas as obras nascem como livros impressos para serem encontradas nas estantes das livrarias e bibliotecas; essa característica era quase regra em outros tempos. O que marca verdadeiramente nossa época literária é a possibilidade de que os livros nasçam em seu processo de produção, em seu fazer-se, conclamando o leitor a participar, interagir e aproximar-se do autor e de sua criação. Com o advento dos blogs e redes sociais, autor e leitor nascem juntos, são companheiros de jornada, amigos no crescimento e na descoberta. Por essa razão, Devaneios Literários é tão completamente a cara da literatura atual.

Mariana sabe disso e ganha leitores por abrir-se ao processo dinâmico de falar com eles. Mariana fala com os leitores, oferece a mão para a caminhada em conjunto. “Vamos de mãos dadas”, disse o poeta. A cronista concorda e diz: “Já devaneou hoje?” Mais do que um convite de divulgação, Mariana sabe que suas crônicas são pura loucura, aquela loucura sob a qual todos queremos sucumbir. Não se passa incólume ao devaneio, ao ir e vir de um barco em alto-mar das ruas de Porto Alegre, aos lances filosóficos que rebentam nos detalhes do cotidiano, à suavidade da palavra lírica tão ricamente ornamentada pela oralidade do sul e do mundo virtual. Os devaneios de Mariana tornam-se os devaneios do leitor, completamente de acordo com a máxima da autora: “Sabe, às vezes me cansa essa inútil lucidez”.

O livro, agora impresso pela Editora Bookess, reúne 92 crônicas produzidas ao longo de cinco anos e pode ser definido como uma “sacola cheia de histórias”, que Mariana “foi juntando ao relento, por entre livrarias e as bancas de jornal”, entre os amigos e o que a vida lhe proporcionou como experiências. Não se lê Mariana sem sentir uma louca vontade de tomar chimarrão em sua casa em Poa. Não se lê Mariana sem mergulhar na subjetividade – a dela e a nossa. Pois a autora não procura se esconder do leitor, como se a obra não dependesse dessa relação tão próxima. Mas a subjetividade que se espalha pelo livro está longe da confissão imatura da interioridade. Mariana sabe muito bem como se colocar entre as memórias, as experiências cotidianas, tão típicas da crônica, e as divagações filosóficas, as análises da condição humana e do homem em relação ao mundo.

O segredo que não se anuncia, mas se mostra de repente (parafraseando a autora) com a leitura de Devaneios Literários, é que para ser um verdadeiro escritor, não basta escrever bem. Escrever bem é pouco. Para ser verdadeiramente um autor literário, é preciso ouvir o chamado de nossa época, é preciso entender o que a literatura exige de nós e o que os leitores necessitam. Mariana Collares encontrou o caminho, ouviu o chamado, e agora lança o que ela considera “um grito diminuto, silencioso”. Porém, a obra nos entrega sua própria definição:


Ela viveu uma vida imóvel e terna. Uma vida morna. Uma vida-flor. Suportou a chuva e o granizo e os dias quentes estando absolutamente imóvel. Não sentiu./ Passou, como as flores passam. (As Margaridas)



Mariana Collares jamais poderá ser comparada a uma flor, um elogio que seria óbvio dada a sua beleza. Pois a autora é a vida plena de expressão, de movimento e de interação com seu meio. Mariana não passa; ela age, reage e interage, porque “pra uma cronista, movimento é fundamental”.

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O Físico - Noah Gordon

" O Físico" é o primeiro livro da trilogia de Noah Gordon que conta a história da família Cole através dos séculos. O título é uma tradução ao pé-da-letra do original em inglês "The Physician", que poderia ser melhor traduzido como "O Médico", já que esta é a história da saga de Rob J. Cole, que sonha em se formar em medicina em uma época em que a organização do saber na Europa ainda era incipiente, permeada por proibições da igreja católica e resrita aos bem-nascidos. Rob J. trabalha como aprendiz de cirurgião-barbeiro, mas o curandeirismo que presencia não é suficiente para ele. Resolve então estudar na Pérsia, centro do conhecimento nesta época, cujas escolas são proibidas para cristãos. Noah Gordon nos leva nesta viagem com uma reconstrução detalhada da época e dos costumes desde a escura europa medieval até a iluminada Pérsia deste período. Simplesmente um clássico imperdível.

Fonte: http://pt.shvoong.com/books/180836-f%C3%ADsico/#ixzz1PGzQh1tE

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