quarta-feira, 25 de maio de 2011

SOLVENTE - por Cronicando

em 24/05/2011


          Eu vi o suco de uma tulipa amarela sendo utilizado para formar um pigmento, que bordou a palavra “amor” em pergaminho sutil. O tempo tictaqueou e o papel resistiu amarelado. O debruçar das letras era hercúleo.
          Eu vi as estações passando e nada mudou. As intempéries não conseguiram maltratar o que foi plantado.
          Eu vi uma lágrima desfalecer no pergaminho sobre o nobre sentimento e embrenhou-se com ele pelas fibras da celulose. Não via mais a palavra. Só o corpo se enrugar de dor.
          Agora resta esperar o tempo secar a mancha e ver se a pele deformada comporta nova palavra. Não vejo outra saída.
          Quem sabe neste papel não vejo o desenho de uma tulipa amarela? Quem sabe uma letra vã? Ou uma ideia sã?
          Olho o horizonte. Vejo ou não vejo a primavera chegando? Que ela venha depressa.

5 comentários:

  1. Este texto lindo foi vencedor da taça ouro do BVIWtecendoletras. Parabéns Kenny! Uma pérola! Foi um prazer tê-lo conosco.

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  2. Que venha mesmo. E florida de muitas tulipas, tantas quantas sejam necessárias para borrar mais pergaminhos no seu jardim de palavras. Lindíssimo, Kenny! Abraços e parabéns pela BVIW. Abração. paz e bem.

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  3. Lindas palavras em versos de flores e poesias, amei, se puder me visite no blog, estou te seguindo, beijos

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  4. Excelente o ambiente novo! De parabéns! E as palavras, como sempre, muito bem vindas e recebidas com alegria... Muito bom texto!

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