quinta-feira, 16 de junho de 2011

CAFÉ COM LETRAS - por Cronicando

Passam os dias, passam os anos. Os séculos se amontoam na história da humanidade. Temos a cada passo o advento de novas tecnologias, novas crenças. Inventamos novas culturas e recriamos o cenário onde se desenrola todas as façanhas da raça humana na terra. Século XXI e ainda vemos de tudo um pouco, da mais surreal novidade até o mais pitoresco a ponto de nem sabermos que um dia foi uma realidade comum.

Gosto de lembrar que o café faz parte da cultura mineira de uma forma muito intensa. À volta de um bom cafezinho já se tomaram boas decisões, foram criadas boas histórias, verbalizados “causos”, bons risos, assuntos tristes e muitas coisas que demoraríamos linhas e linhas para listar todas.

Mais uma vez um fim de semana na casa da tia-avó de minha esposa. Casa rústica de fazenda com cozinha sem forro e fogão a lenha. Alguns da família ao redor da mesa em boa conversa diante da nova garrafa de café. A última quebrou durante a semana e foi preciso arrumar uma logo, pois um bom mineiro sem um cafezinho não providencia uma boa prosa.

A dona Marlene ficou incumbida de lavar com a água fervida antes de passar o primeiro café. Quando o café foi servido ele apresentava um sabor marcante e um corpo cremoso.

Não, amigo leitor. A dona Marlene não é nenhuma barista. O sabor estava estranho e o café engomado mesmo. Enquanto todos experimentavam e cada “entendedor” dava sua opinião, dona Marlene resolveu investigar dentro da novíssima e linda garrafa térmica amarela.

- Uai! Tem um jornal aqui dentro. – Exclama com o sotaque arrastado.

O jornal que sustentava o interior para não quebrar no transporte não foi retirado.

Isto nos leva a pensar que o mineiro é na realidade além de um bom “cafezeiro” um letrado. Intelectual até. Café traz cultura. Aqui hoje, bebemos café com letras literalmente. Engolimos as informações do jornal de maior veiculação da cidade em um ambiente carregado de história. Eu diria até que o mineiro chega a ser erudito.

Estão servidos? A garrafa já foi devidamente lavada. As letras agora serão conduzidas pela verbalização dos “causos”. Garanto.

2 comentários:

  1. hehehe! Tá parecendo o meu amigo que preparou um peru com o plastico (daqueles que apitam quando está pronto) A sorte nossa foi que o apito se quimou junto com o plástico e não anunciou o sabor que íamos ter que provar. Mas voltando ao cafezinho é ele o elemento de maior identidade (se não nacional) mineira, na minha cafeinada opinião. Abração, Kenny! Paz e bem.

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  2. Rsrs... Que delícia. Tua história permite o embarque, dá até pra ficar numa pontinha dessa mesa ouvindo a prosa correr solta enquanto se delicia o café.

    Sou amante incurável.

    Beijo.

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