quarta-feira, 24 de novembro de 2010

O MINUTO DA PALAVRA – por Kenny Rosa

A poesia não passa do momento
É o minuto da palavra.
Belo, completo. Ali, agora.

Agora, já não mais existe.
A letra que não é escrita,
Jamais será dita novamente.
A memória é papel na chuva.

Já chove normalmente.
Não mais como naquele minuto.
Agora o sol brilha ordinariamente.
Nunca mais será diferente.

Outras poesias virão
E o poeta sorrirá em vão.
O instante fugir-lhe-á à mão.

O poeta é transporte da palavra.
Muitas vezes lhe falta o chão.
Noutras, estará ferido o coração.

Sempre num instante.
Naquele momento.
Já passou.

Um comentário:

  1. Tens razão, não dá mesmo pra confiar na memória, ou o poeta aproveita o momento ou lança pensamento ao vento.

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