sexta-feira, 15 de abril de 2011

TEMPO-DEUS - por Mariana Collares

 
Tempo-deus de todas as coisas, aos teus pés me ajoelho...



Só o tempo é certeiro, amor, só ele. Só o tempo entrega a cada um a colheita. Só o tempo evoca o passado todo num sopro, antes da hora certa, antes da hora perfeita em que te encontras com ele, lá no fim de ti mesmo. No fim da tua estada. Então pensa, amor, que o tempo é teu pai e tua mãe e tu mesmo indo e vindo. Andando de gangorra, nesse sobe e desce infinito pelo cotidiano e a eternidade toda. O tempo é teu fruto. O tempo é teu luto. O tempo te renova, amor, para o novo. O tempo são as horas de um relógio imenso. E imensamente passam num fluxo. Num sôfrego cansaço de passar constante. O tempo é a ilusão da morte. O tempo, amor, é a imaginação em contínuo descaso. O tempo não morre, está. Já foi. E tu? Foste também até o dia em que te vi, longínquo, num quase eco, murmurando um “eu te amo” totalmente enfraquecido e ausente.

Um comentário:

  1. Olá amigo...

    Gosto muito do que vc escreve. Esse texto sobre o tempo é real, poético, tocante...

    Abraços, uma semana cheia de luz!

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